Panteão dos Novos Santos - São Tropécio
São Tropécio é o padroeiro dos estabanados e desastrados.
São Tropécio Estabanaldo nasceu por volta do século XII, na aldeia de Pedrarruída. Desde pequeno era conhecido por sua inacreditável capacidade de topar com móveis, derrubar objetos que não estavam nem perto de cair e tropeçar nas menores irregularidades do caminho.
Aos sete dias de vida, ao se espreguiçar no colo da mãe, derrubou a bacia de batismo antes mesmo de ser batizado. Por onde passava, deixava um rastro de pequenos acidentes: panelas tombadas, jarros quebrados, sandálias trocadas. Ainda assim, aceitava suas trapalhadas com paciência — apesar das canelas raladas, cotovelos e joelhos doloridos e dedinhos dos pés inchados.
Aos 21 anos, com medo de continuar derrubando tudo e de perder os dedinhos dos pés, Tropécio passou a viver como eremita no Monte Escorregadio. Sempre desajeitado, mas sempre disposto, dedicando seus dias a prestar atenção onde andava e a ajudar os que buscavam ajuda.
Foi lá que ele ficou conhecido por um milagre inusitado. Certo dia, ao tentar ajudar uma senhorinha com seu cântaro d'água, Tropécio tropeçou numa raiz e derrubou o vaso no chão, rolando e batendo em uma barraca que vendia velas. Uma das velas estava acesa, e foi arremessada sobre uma carroça carregada de óleo para lamparinas. O fogo arrebentou a corda que prendia a carroça em chamas, que começou a descer ladeira abaixo, tombando em uma árvore seca, incendiando-a. A velha planta rachou ao meio com o calor do fogo, rompendo uma grande pedra que represava um rio, fazendo com que uma torrente de águas corresse por onde até então havia apenas um triste fio d'água, irrigando a terra seca e trazendo alívio ao povo. O "acidente" de Tropécio acabou pondo fim a uma severa seca que assolava a pequena cidade há mais de 10 anos, e nunca mais aquele lugar foi assolado pela falta d'água.
Após sua morte — causada por uma pancada que deu com o cotovelo numa mesa — Tropécio foi sepultado aos pés da rocha partida, que se tornou um local de peregrinação para todos os atrapalhados, estabanados e desastrados, que o adotaram como padroeiro e protetor.
Tropécio foi canonizado pelo papa Calamitoso XIII, e o dia 28 de maio passou a ser celebrado como o dia de São Tropício, em que seus devotos caminham em procissões trôpegas, carregando baldes com água e carroças enfeitadas com tochas acesas, mas com cuidado para não trombar em nada nem tropeçar nas pedras do caminho.
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